O setor de geração de energia solar deverá investir R$ 5,2 bilhões neste ano, no mesmo patamar em relação a 2018, de acordo com estimativas da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). Desse total, R$ 3 bilhões estão previstos para geração distribuída, nome dado à produção de energia próxima dos pontos de consumo, e o restante para parques solares de grande porte.

A entidade prevê que a capacidade instalada de geração de energia solar no Brasil cresça 44% em 2019, para 3.306,4 megawatts (MW) instalados. Desse montante, 2.716 MW são relativos a usinas solares de grande porte, e 1.130,4 MW, de projetos de geração distribuída espalhados pelo país.

Em 2018, o setor de energia solar praticamente dobrou de tamanho, ante o ano anterior. De acordo com a Absolar, o segmento fechou o ano passado com 2.295 MW instalados, sendo 1.793,1 de usinas solares e 501,9 MW de sistemas de geração distribuída.

Dentro da cadeia da indústria de energia solar, os números são ainda mais expressivos. Levantamento feito pela Greener, empresa de pesquisa e consultoria especializada no setor, que será lançado nesta semana indica que, em 2018, o mercado brasileiro de módulos fotovoltaicos, principal equipamento da indústria, movimentou cerca de 2.200 MW em peças, entre importações e produção nacional.

Pelos cálculos da Greener, o setor movimentou R$ 7,4 bilhões no ano passado, sendo R$ 4 bilhões no segmento de geração distribuída e R$ 3,4 bilhões na área de parques solares de grande porte.

Segundo o diretor da Greener, Márcio Takata, o número de empresas integradoras (que projetam, vendem e instalam módulos fotovoltaicos) no país cresceu de 2,7 mil, em janeiro de 2018, para mais de 6 mil, no início deste ano, um aumento de mais de 120%. “Isso dá uma ideia da evolução do setor”,afirmou Takata.

Outro canal, o Portal Solar, ambiente eletrônico que faz a intermediação entre consumidores interessados, fornecedores e instaladores de sistemas fotovoltaicos, movimentou R$ 100 milhões em equipamentos de geração distribuída no ano passado. Para 2019, o portal prevê um volume de negócios fechados por intermédio do site de R$ 500 milhões.

Outro dado interessante do portal é relativo ao perfil dos interessados em adquirir equipamentos de geração fotovoltaica em telhados. Do total de 1,2 milhão de consultas feitas no portal no ano passado, a maioria delas foi de consumidores da classe C – famílias com renda mensal de R$ 2.370 a R$ 5.715. Para Rodolfo Meyer, diretor-executivo do Portal Solar, um dos motivos para a procura foi a escalada nas tarifas de energia nos últimos anos. Com relação ao custo, Meyer indica que o preço do “kit solar” – conjunto de equipamentos necessários para um projeto de geração distribuída – caiu cerca de 75% na última década.

A queda dos preços também é observada por Takata, da Greener. Segundo ele, para ter uma ideia, um sistema residencial de 4 quilowatts (kW) de capacidade custava cerca de R$ 33 mil, em 20016. No ano passado, esse valor já havia recuado um terço, para R$ 22 mil.

O executivo enxerga continuidade na queda de preços dos equipamentos nos próximos anos, porém em ritmo menor. “O módulo fotovoltaico vai ter, sem dúvida, uma redução de preços nos próximos anos, mas não será na mesma velocidade que vinha tendo nos últimos dez anos.” Além da queda do preço e do ganho de escala, outro fator que tem contribuído para a disseminação dos sistemas de geração de energia solar distribuída é o modelo regulatório atual, que permite outras formas de aproveitamento e comercialização da energia produzida pelos equipamentos.

Hoje, por exemplo, é possível produzir energia em uma fazenda solar e vender essa produção para consumidores situados na mesma área de concessão de distribuição interessados em consumir energia limpa e com custo inferior à tarifa das distribuidoras.

Nessa linha, a francesa Engie prevê concluir no primeiro semestre a construção de uma fazenda solar de 2,5 MW em Minas Gerais. “Isso facilita que você, não tendo um telhado para colocar seu painel, ainda assim possa ter uma economia”, afirmou o presidente da Engie no Brasil, Maurício Bähr.

Takata cita também donos de galpões logísticos. “Até hoje, o galpão logístico ganha dinheiro arrendando o piso. E esse dono do galpão está percebendo que ele consegue ampliar a oportunidade de resultado de investimento para o ativo se investir em energia solar, gerando receitas por meio de locação [de energia] para o inquilino dele”, disse. “Os grandes gestores de ativos imobiliários estão percebendo que a energia pode ser um elemento muito importante para potencializar receitas.”

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