A Central Nacional Unimed (CNU), maior operadora nacional do Sistema Unimed, está incorporando 102 mil vidas da Federação das Unimeds do Estado de São Paulo (Fesp), que estão em parte da Grande São Paulo, capital e região do ABC. O diretor-presidente da CNU, Alexandre Augusto Ruschi Filho, disse que foi um acordo para transferência voluntária parcial de beneficiários, sem envolver pagamento. Além disso, todos os direitos dos beneficiários, bem como a rede de atendimento, estão mantidos, conforme as regras do setor, afirmou.

Essa carteira transferida deverá representar cerca de R$ 1 bilhão de faturamento para a CNU em 2019, incluindo sua expectativa de crescimento na região, que compreende 28 cidades. "É uma nova proposta, com novas iniciativas, fortalecimento da marca, novos produtos e serviços", disse Ruschi Filho.

As carteiras de saúde suplementar devem representar 85% de sinistralidade, em média, calcula o executivo. Isso deve corresponder a um custo entre R$ 800 milhões e R$ 850 milhões ao longo de 2019, especificamente para a carteira transferida.

Agora com 1,65 milhão de clientes, a previsão da CNU é de faturar cerca R$ 6,5 bilhões neste ano, já somadas as novas vidas. O resultado de 2018 deverá ser publicado até abril, mas Ruschi Filho adiantou que a CNU registrou lucro nos quatro trimestres.

A transferência da carteira de clientes começou na zero hora de sexta-feira e foi concluída com tranquilidade, disse o executivo.

Com o acordo, a Fesp deixa de operar na saúde suplementar nos 28 municípios e se dedica à operação no restante do Estado, com 74 Unimeds, representando cerca de 500 mil vidas.

"Essa operação trará benefícios econômico-financeiros para a Unimed Fesp, no sentido de aumentar a liquidez e viabilizar a sua reestruturação, exercendo seu papel institucional como Federação Estadual", informou a CNU.

Procurada pelo Valor, a assessoria da Fesp informou que seu porta-voz não estava disponível.

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) informou, por meio de nota, que autorizou a transferência parcial de produtos entre as operadoras: "Essa transferência tem como critério para fracionamento da carteira a totalidade dos beneficiários de contratos individuais/familiares e, ainda, os beneficiários vinculados a planos coletivos cujas pessoas jurídicas contratantes tenham sede ou filial responsável pela contratação nos municípios." Segundo a agência, a negociação foi onerosa, mas não foram fornecidos detalhes.

Ruschi Filho explicou que a CNU assumiu a responsabilidade financeira por custos assistenciais vinculados aos beneficiários migrados, com aprovação da ANS e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Teoricamente, na alienação voluntária, quem adquire a carteira não assume os passivos fiscal e trabalhista, a não ser que haja acordo entre as partes, se acertam o preço, disse Felipe Bastos, sócio da área de seguros da Veirano Advogados. É uma operação onerosa, mas tende a ser superavitária, disse.

A gestão da rede é um ônus, e a transferência da carteira permite à Fesp voltar-se mais para o seu papel institucional, disse Ruschi Filho. "A Fesp deixa de receber a receita, mas de ter o custo também."

A CNU está fazendo acordos semelhantes em quatro cidades na Bahia. Só que nesse caso, as Unimeds passam a gerir exclusivamente trabalho médico e deixam de ser operadoras de saúde. Em Santo Antônio de Jesus o processo já foi concluído, enquanto em Ilhéus, Feira de Santana e Itabuna a CNU aguarda autorização da ANS para migrar as carteiras.

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