O número de corporações interessadas em adotar regras de conduta, ética e canais de denúncia está crescendo, de acordo com a Protiviti. O grupo de companhias atendidas pela consultoria saltou de 250 em agosto último para 270 este ano.

— As denúncias também estão crescendo, mas não quer dizer que houve mais casos, as pessoas é que estão falando mais. Em 2016, foram 315 relatos em 56 empresas, contra 174 em 2015 em 43 companhias. Ano passado, até agosto, foram 218. Em todo o ano, deve superar 2016, principalmente pela força que as campanhas antiassédio ganharam na mídia — diz Fernando Fleider, sócio-diretor da Protiviti.

A L'Oréal tem um capítulo no Código de Ética só sobre assédio. Rosemari Capra-Sales, diretora de Ética da empresa, conta que há um canal 24 horas para receber denúncias.

A rede Blue Tree Hotels mira a prevenção:

— Se um homem faz um pedido à recepção à noite, enviamos outro homem. Orientamos as camareiras a não entrarem no quarto com os hóspedes — diz a presidente da rede, Chieko Aoki.

José Carlos Wahle, sócio da área Trabalhista do Veirano Advogados, afirma que viu empresas recomendando aos empregados que não entrem no elevador se houver só uma pessoa. Ou é uma ou são três:

— É a palavra de uma contra a da outra.

O Fundo Monetário Internacional (FMI), sediado em Washington, sofreu um baque em 2011 com a prisão de seu então diretor-gerente, Dominique StraussKahn, por agressão sexual. Desde então, o FMI se tornou referência no tema, dando treinamento a todos os funcionários. Em julho, revisou sua política antiassédio.

Nos EUA, onde denúncias já provocaram a renúncia de três congressistas, as empresas reformaram escritórios para ter ambientes abertos ou com vidros. As grandes corporações reforçaram aos empregados a necessidade de seguir os treinamentos antiassédio. Mas há quem reclame de exageros e tema um impacto negativo para as mulheres.

— Mulheres se queixam de que não estão conseguindo marcar almoços de negócios. Há quem se recuse a marcar reuniões a sós com mulheres — disse uma recrutadora de RH, que pediu para não ser identificada.

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