Após quase quatro anos impedida de participar de licitações e firmar novos contratos com a Petrobras, a Ocyan (antiga Odebrecht Óleo Gás), que obteve o desbloqueio cautelar da estatal em julho de 2018, avalia participar de concorrências para construção de novos navios-plataformas de produção de petróleo e gás (FPSOs, na sigla em inglês) para a companhia.

A empresa também olha o mercado internacional, com oportunidades de negócios no Golfo do México e na costa Oeste da África.

"Estamos estudando os projetos [concorrências para construção de FPSOs]. Mas ainda não sabemos se vamos participar. Vamos trabalhar na estrutura de financiamento e tomar a decisão no início de janeiro", afirmou Jorge Mitidieri, diretor superintendente da Ocyan

No radar da companhia estão quatro concorrências para a construção de FPSOs no início deste ano: dois para a revitalização do campo de Marlim, na Bacia de Campos, um para o Parque das Baleias, na mesma bacia, e a segunda unidade para o campo de Mero (na área de Libra), no pré-sal da Bacia de Santos.

Braço do grupo Odebrecht fornecedor de equipamentos e prestador de serviços na indústria petrolífera, a Ocyan tem experiência nos negócios de perfuração e manutenção offshore. Nos últimos anos, a companhia também construiu dois FPSOs em parceria com a norueguesa Teekay: o "Cidade de Itajaí", com capacidade de 80 mil barris diários, que opera na área de Iracema, no campo de Lula, e o "Pioneiro de Libra", responsável pelo Teste de Longa Duração (TLD) da área de Libra, com 50 mil barris diários de capacidade.

"Agora a nossa ambição é um pouco maior. Não existe uma definição do que vamos fazer, porque depende do projeto, depende da capacidade de financiamento", explicou Mitidieri, ressaltando que cada um dos novos FPSOs tem previsão de investimentos entre US$ 1,5 bilhão e US$ 2 bilhões.

Por acordo, a ideia é estudar os projetos em parceria com a Teekay. Após os estudos conjuntos, as empresas são livres para decidir se avançam ou não no projeto, participando de uma concorrência. "Se vamos continuar com a [parceria com a] Teekay? Eu diria que sim, enquanto tivermos a relação que construímos em todos os níveis", disse o executivo, que iniciou o negócio de FPSO na Ocyan em 2009.

Com relação ao exterior, Mitidieri disse que a empresa está aberta a estudar projetos e oportunidades no Golfo do México e na Costa Oeste da África. "A internacionalização neste momento será oportunista, não vamos focar com objetivo e meta o mercado internacional, mas vamos olhar de forma oportunista, sim", explicou. Uma das seis sondas de perfuração da companhia está descontratada desde meados do ano passado. "Para esta sonda, estamos neste momento procurando o mercado internacional".

A empresa também pretende reforçar sua atuação na área de equipamentos "subsea" (submarinos), com uma nova tecnologia de sistema de torre de risers (linha que liga o poço até a plataforma) com tubos em material compósito de fibra de carbono, desenvolvido em parceria com a Magma Global e que pode ser fabricado no estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis. De acordo com Mitidieri, o equipamento tem custo 20% menor que os tubos rígidos tradicionais.

No fim de 2014, a Ocyan, ainda com o nome de Odebrecht Óleo e Gás (OOG), foi incluída na lista de bloqueio cautelar da Petrobras, por pertencer ao grupo Odebrecht, que estava sendo investigado por envolvimento em esquema de corrupção em contratos da Petrobras. Desde então, a Ocyan implantou um conjunto de medidas, desde a estruturação de uma nova área de conformidade e realização de auditorias externas para comprovar que a empresa não estava em esquemas ilegais até uma reestruturação financeira e a mudança do nome da companhia. Em julho de 2018, a Ocyan foi retirada do bloqueio cautelar.

Apesar da abertura do mercado petrolífero brasileiro, a Petrobras ainda é vital para a Ocyan. Praticamente todo o faturamento da companhia vem de contratos firmados com a estatal. A empresa estima ter fechado 2018 com receita bruta da ordem de US$ 1 bilhão e um total de 2,2 mil funcionários.

Perguntado sobre a expectativa com relação ao novo governo, Mitidieri demonstrou otimismo, mas destacou a necessidade da manutenção das rodadas de licitação de áreas exploratórias de óleo e gás, o que movimenta toda a indústria petrolífera nos anos seguintes. "Vemos o novo governo Bolsonaro, com todos os seus ministros e secretários, com uma visão de mercado extremamente importante, com visão muito positiva de diálogo com o mercado", afirmou.

Com relação ao novo presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, o executivo disse ter expectativa positiva. "Vemos nele uma visão de mercado importante, dando continuidade aquilo que a Petrobras está fazendo neste momento", completou.

Fonte: Valor Econômico (SP)

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